Não estou em condições de planear nada. Não encontro tempo de actualizar os meus estados de espírito em promessas verbais... Estou casada com uma meiga existência de ocasiões felizes e é assim que defino o meu estado civil.
Vou sobrevivendo a um mundo que torna o amor dispendioso, a fé em alvo de críticas e a generosidade em desperdício.
Escolhi não me afeiçoar à desilusão que as pessoas se têm vindo a tornar, pois o meu objectivo não é fazer da minha vida uma mágoa quando ela está, e estará sempre, sujeita a ímpetas dores.
Por muito tentada que esteja, não me vou prender a um sossego que invento nem a um encanto mentalmente permanente, que me faça cair num saboroso engano da vida.
Vou apenas vivê-la como ela é. Imprevisível.
Só a minha inútil inquietação se prolonga, mas abandoná-la será brevemente considerada uma opção.
E se porventura não conseguir vencê-la, nunca me irei juntar a ela.
Porque a dignidade é o único pedaço de mim que não envelhece.