Encostei-me ao sofá à medida que ia ficando mais cansada.As imagens vindas da televisão deixavam de fazer sentido.
Os sons não passavam de palavras mudas e feias, como se fossem uma música rebobinada.
Enterrei bem o meu corpo naquele sofá castanho.
Sentia-me desconfortável. Mudei de posição.
Sentia-me desconfortável outra vez. E outra vez.
Cansei-me. Desisti.
Estendi-me uma última vez naquele enorme mar castanho almofadado e foquei o tecto, imaginando coisas estúpidas. Coisas de quem não tem mais nada que fazer.
Sim, sentia-me muito melhor.
Fui fechando os olhos, até ficar semi-inconsciente. Deixei de ouvir e de ver.
Limitei-me a sentir as férias.
Lembrei-me daquela vez em que estávamos só nós as duas. E eu disse-te que o teu sumo sabia a Verão.
Foi aí que descobri que o Verão tinha realmente sabor. Inexplicável.
Adormeci a pensar nesse dia. A pensar na minha descoberta.
E a perguntar-me se o Verão também tinha cheiro...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
ausência
-Tive aquela sensação de desconforto ao olhar para ti. Estás vazio. Nem sequer estás aí...
-Estou...acho que estou.
Ele sentou-se para se acalmar um bocado. Pôs as mãos sobre o seu rosto, acariciando-o constantemente. Tinha deixado de sentir-se.
-Não, afinal não estou.
Começou a chorar palavras e montes de desculpas.
A ausência não é fácil.
-O que faço?- perguntou-me.
-Foge. Vai-te embora. Volta quando tiveres a certeza que voltaste para ti mesmo.
Hesitei em impedi-lo de ir. Fiquei com receio que ele nunca mais fosse o mesmo.
Ambos o sabíamos perfeitamente, que uma vez que partisse, nunca mais voltaria.
"Os ausentes fazem sempre mal em voltar." (Jules Renard)
-Estou...acho que estou.
Ele sentou-se para se acalmar um bocado. Pôs as mãos sobre o seu rosto, acariciando-o constantemente. Tinha deixado de sentir-se.
-Não, afinal não estou.
Começou a chorar palavras e montes de desculpas.
A ausência não é fácil.
-O que faço?- perguntou-me.
-Foge. Vai-te embora. Volta quando tiveres a certeza que voltaste para ti mesmo.
Hesitei em impedi-lo de ir. Fiquei com receio que ele nunca mais fosse o mesmo.
Ambos o sabíamos perfeitamente, que uma vez que partisse, nunca mais voltaria.
"Os ausentes fazem sempre mal em voltar." (Jules Renard)
simplicidade
O cabelo tapava-me os olhos por causa do vento. Parecia ainda mais loiro com a luz do Sol.
Já só via os meus pés meios molhados, por andarem a pisar a relva que era regada de vez em quando.
O ladrar dos cães já não me incomodava. Era como se fizessem parte de tudo. Fazia parte daquele bocadinho de Verão muito verde.
Naquele momento, não podia estar mais feliz..
Não tinha nada mais a acrescentar.
Bem-vindo de volta, Verão.
Já só via os meus pés meios molhados, por andarem a pisar a relva que era regada de vez em quando.
O ladrar dos cães já não me incomodava. Era como se fizessem parte de tudo. Fazia parte daquele bocadinho de Verão muito verde.
Naquele momento, não podia estar mais feliz..
Não tinha nada mais a acrescentar.
Bem-vindo de volta, Verão.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
fériaaaaaaaaaaaas
Adoro aquelas noites sem nenhum vento a brincar com o meu cabelo. Noites calmas, noites de Verão.
Já faltava aquela sensação de ter realmente tempo para fazer tudo ou nada.
Sim, todos precisamos de tempo para o nosso nada.
Faltavam-me as manhãs a quais nós chamamos de manhãs, apesar de não o serem. Sê-lo-ão sempre, nem que sejam duas da tarde. Tinha saudades desse horário.
Há muito que não via os dias desta perspectiva. Desta perspectiva de quem está mesmo de férias.
Tenho saudades de não estar preocupada em saber que dia é, e perder-me, assim sem mais nem menos, pelo Verão a dentro.
De mergulhar na água e sair dela praticamente seca, pois o calor aperta e o sol é muito ardente.
De ver um bom filme com os amigos, sem nos preocuparmos em deitar cedo e sentirmo-nos para sempre jovens.
Tenho saudades de poder desperdiçar tempo.
Às vezes implorava baixinho, por aqueles dias em que me deitava no sofá durante horas a fio.
Faltavam-me aqueles pores-do-sol que só se vêem nos filmes...
Ainda bem que esses dias voltaram.
Pensei perdê-los para sempre.
Já faltava aquela sensação de ter realmente tempo para fazer tudo ou nada.
Sim, todos precisamos de tempo para o nosso nada.
Faltavam-me as manhãs a quais nós chamamos de manhãs, apesar de não o serem. Sê-lo-ão sempre, nem que sejam duas da tarde. Tinha saudades desse horário.
Há muito que não via os dias desta perspectiva. Desta perspectiva de quem está mesmo de férias.
Tenho saudades de não estar preocupada em saber que dia é, e perder-me, assim sem mais nem menos, pelo Verão a dentro.
De mergulhar na água e sair dela praticamente seca, pois o calor aperta e o sol é muito ardente.
De ver um bom filme com os amigos, sem nos preocuparmos em deitar cedo e sentirmo-nos para sempre jovens.
Tenho saudades de poder desperdiçar tempo.
Às vezes implorava baixinho, por aqueles dias em que me deitava no sofá durante horas a fio.
Faltavam-me aqueles pores-do-sol que só se vêem nos filmes...
Ainda bem que esses dias voltaram.
Pensei perdê-los para sempre.
terça-feira, 15 de junho de 2010
do outro lado do mundo
Adormeci em Nova York, ao som das buzinas dos táxis amarelos e das pessoas que por aquelas ruas passavam. Era música para os meus ouvidos.
Adormeci em Nova York iluminada por todas aquelas luzes que vinham do exterior e que me ofuscavam os olhos, de tanto olhar para elas.
Adormeci em Nova York, tão longe de casa, tão longe de mim própria, tão perto do Paraíso.
Adormeci em Nova York, com a melhor sensação do Mundo, com o maior sorriso alguma vez sorrido. E pedi um desejo.
Desejei sentir-me assim por mais mil anos. Não. Mil não... talvez 500 anos fosse o suficiente para guardar aquilo para sempre comigo.
Adormeci em Nova York, no meio de todas aquelas almofadas, no meio do barulho das buzinas e das pessoas. No meio do tudo e do nada, ao mesmo tempo.
E acordei num sitio completamente diferente. Onde o único barulho que se ouvia era o do silêncio que enchia o meu quarto. E a janela não era assim tão grande, nem valiosa.
Acordei tão perto de casa, tão perto de mim própria, tão longe do Paraíso.
Talvez aqueles dias sejam suficientes para guardar aquela sensação para sempre comigo...
quarta-feira, 9 de junho de 2010
histórias por acabar
Só vendo, só mesmo sentindo.
Só mesmo passando por onde passei.
É indescritivel, é bom demais.
Foi bom demais.
Foi bom demais.
Às vezes esqueço-me que já acabou, embora outras vezes sinta que não.
Ainda guardo algumas coisas.
Guardo memórias.
É frustrante serem apenas lembranças. Não as controlo. Apenas tento mantê-las o mais vivas possíveis.
E é frustrante saber que um dia, estas deixem de existir. Morrem lentamente sem eu dar falta.
E depois fico mais vazia; é um capitulo da minha vida que apago sem querer.
Deixo de ter memorias, deixo de as sentir...
Tenho a sensação que esta história não devia ter acabado.
Fugi dela sem ter inventado um fim. Ficou incompleta.
Tenho a sensação que isto foi algo que devia ter durado mais algum tempo. Devia ter durado, pelo menos, para sempre.
Não dá mesmo para explicar o que senti nestes dias.
Foi muito bom demais.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
NY
"Deixamos muitos lugares, mas há lugares que nunca nos deixam."
Vou ter sempre um bocadinho de Nova York, em mim.
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