domingo, 22 de agosto de 2010

a rapariga que não conseguia adormecer

Ouvia a casa a dormir. Era a única ainda acordada. Estava demasiado pensativa para conseguir adormecer...
Tive o cuidado de fazer o menos barulho possível.
Olhei para os velhos chinelos dele. Ainda me lembro de serem novinhos em folha e, em vez de um castanho acinzentado, eram simplesmente castanhos. Ele adorava-os.
O tempo passa rápido e reconheço agora que não é só uma frase feita.
Ele passa mesmo sem reparar-mos.
A minha gata tinha acordado e, em épocas passadas ela teria descido da cadeira e viria "falar" comigo e dizer-me que estava demasiado frio e que a chuva não a deixava dormir.
Mas não. Restringiu-se a fechar os olhos outra vez... O tempo também passa por ela, claramente.
E eu observo que em mim este também atravessa.
Tinha sete anos e achava-me invencível ou demasiado forte para tal coisa dominar-me.
Hoje ambiciono recuar alguns anos para me sentir assim. Para ser confiante ou então, demasiado ignorante para saber que sonhava demais...

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