quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

bom ano

Estou isenta de melancolia.
Começo a acreditar em utopias de carne e osso. Ou serão os meus olhos vitimas de uma doce ilusão?
Sem muito a acrescentar, vivo uma felicidade que só faz bem. E feliz é dizer tão pouco...
Despedi-me finalmente da minha mania de pensar demais e deixo que as circunstâncias tomem conta de mim. Enterrei o desumano juntamente com a sua desumanidade e aprendi que nem tudo que sorri é bom.
Não há uma razão concreta para a minha ausência demorada, mas se quiserem apontar dedos a alguém, culpem o amor.. O amor benigno, inconsciente e metafórico.
Desejo-vos o dobro da minha alegria. Bom ano.

sábado, 10 de dezembro de 2011

que o silêncio me defina

Fui engolida por uma utopia. And that´s pretty much it.

"(...)I love you without knowing how, or when, or from where.
I love you straightforwardly, without complexities or pride;
So I love you because I know no other way
than this: where I does not exist, nor you,
so close that your hand on my chest is my hand,
so close that your eyes close as I fall asleep."
Pablo Neruda in "sonnet XVII"

domingo, 30 de outubro de 2011

resumindo..

Não estou em condições de planear nada. Não encontro tempo de actualizar os meus estados de espírito em promessas verbais... Estou casada com uma meiga existência de ocasiões felizes e é assim que defino o meu estado civil.
Vou sobrevivendo a um mundo que torna o amor dispendioso, a fé em alvo de críticas e a generosidade em desperdício.
Escolhi não me afeiçoar à desilusão que as pessoas se têm vindo a tornar, pois o meu objectivo não é fazer da minha vida uma mágoa quando ela está, e estará sempre, sujeita a ímpetas dores.
Por muito tentada que esteja, não me vou prender a um sossego que invento nem a um encanto mentalmente permanente, que me faça cair num saboroso engano da vida.
Vou apenas vivê-la como ela é. Imprevisível.
Só a minha inútil inquietação se prolonga, mas abandoná-la será brevemente considerada uma opção.
E se porventura não conseguir vencê-la, nunca me irei juntar a ela.
Porque a dignidade é o único pedaço de mim que não envelhece.

domingo, 25 de setembro de 2011

eu ri-me.

Eu ri-me, porque temos um futuro ambíguo pela frente. A nossa rotina não passa de uma prática constante de coisas usuais; repetitivas.
Eu ri-me, porque é no mínimo ilógico ceder o nosso tempo à procura e à espera de algo que aconteça, e não em gastá-lo em fazer acontecer.
Nós somos proprietários do nosso próprio mundo, vamos sempre a tempo de inventarmos as regras que quisermos e mesmo assim, damo-nos ao luxo de termos uma cabeça carregada de pensamentos restritos, aspirações fechadas a cadeado por pensarmos que é tarde demais...
Eu ri-me, porque é absolutamente ridículo sermos absolutamente limitados.
De que nos serve a insegurança? De que ME serve o medo de ser julgada por alguém não maior que eu?
É ser-se tola, idiota, incoerente..
E eu rio-me. Porque chorar é cansar-me despropositadamente. É uma aflição intencional que não nos dá respostas. E a vida é de facto um caos divino, à espera de ser vivida com perspectivas diferentes e de ser governada por alguém que desconheça o receio em não ser igual.

sábado, 3 de setembro de 2011

september´s hope:

Dão-nos a oportunidade de desperdiçar o nosso invejado tempo de uma maneira tipicamente jovem, espontânea e desimpedida no auge do calor e da idade.
Somos suficientemente grandes para podermos ser irresponsáveis, mas demasiado imaturos para levarmos com as culpas.
Uns aproveitam essa oportunidade. Outros deixam-na escapar.
Eu deixei. Já não consigo sentir o espírito do verão, da rebeldia autorizada, dos horários invertidos... Já não compreendo o porquê de sermos tão rebeldes e estupidamente aventureiros.
Um jovem comum diria "Nós somos, porque podemos.", mas eu não consigo subscrever estas palavras.
Perdi o jeito de ser indomável e irracional. E tenho tanta inveja de quem ainda o sabe ser.
A única vantagem que ganhei é a imunidade à saudade destes meses passados. Despeço-me com um sorriso amargo mas honesto.
Setembro é agora a minha nova oportunidade. Será escusado depositar a minha esperança de ser feliz num mês tão violentamente activo, violentamente oportuno?

sábado, 20 de agosto de 2011

ser feliz sozinha.

Que é feito dos solteiros felizes que se vêem nos filmes ?
Alimentam-nos com demasiadas comédias românticas que até chegamos a crer que só somos felizes se vivermos uma coisa igual às que vemos.
É tão bom poder dizer que a minha felicidade não depende de um amor temporário e transitório, que no fim acaba por não valer a pena.
E é triste que só valorizem a parte romântica do amor. Mas o amor tem mil caras, mil caminhos e mil sabores. Porque é que nos limitamos a vesti-lo com a nossa suposta "cara-metade" que nunca dura o tempo que idealizamos?
Será a nossa sociedade assim tão ingénua e limitada ou o problema está em pessoas como eu que acreditam que o amor tem um prazo de validade ?
Estou sinceramente cansada de sobreviver a ideias destas.
Acho que poucas pessoas conseguem saborear e usufruir da solidão encantadora do lado não-romântico da vida. Mas digo-vos que é cativante e libertador. E suficientemente confortável para viver bem assim.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

relações restauradas

Local usual como um panorama de cinema; companhia nostálgica. Uma tarde passeada por caminhos antiquados sem fugir a uma rotina doce. Boa, para comemorar os bons velhos tempos entre amizades retraídas que o tempo sufocou.
A afeição é uma coisa ruim. Agridoce.
Um silêncio feliz era uma música cantada ali, num banco de jardim.
E senti-me preenchida por um ambiente nobre, denso e lento. Porém, perfeito.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

regresso

Cheguei do fogo quente e entusiástico que vivia debaixo de uma azul e notável manhã e que queimava a noite pintada de estrelas.
Ergui o meu corpo após uma viagem irreal. Soube a sonhos e a verão..
Tornei-me transparente de espírito e vesti-me de ventos francos e felizes.
Será de mais dizer que me apaixonei pela dolorosa distância de casa? Será demais dizer que talvez, num mundo paralelo, num mundo abstracto, aquela poderia ter sido a minha genuína casa?
Mas regressei daquela droga viciante, daquele tal mundo abstracto.
E feliz voltei à minha rotina de uma vida bem sucedida, que por momentos tinha esquecido que me assenta que nem uma luva.
Foi bom ter ido, mas é ainda melhor ter voltado.

sábado, 9 de julho de 2011

tu nos teus olhos

Se não encontras nos teus braços finos, na tua cara tingida de timidez nem nos teus olhos azuis vulgares a beleza que tanto procuras, sustem essa busca aparente.
Não procures o que tu chamas de belo a algo trivial existente na maioria.
Mas se não achares o que ambicionas, nas tuas humildes palavras, no teu modesto gosto nem na tua hábil sabedoria, muda o teu conceito de bonito. Porque não encontras maior beleza numa jovem mulher, senão naquela que com a sua inocência, evidencia.

terça-feira, 5 de julho de 2011

fim mudo

Hoje vou fazer de ti cobaia e tentar uma abordagem diferente.
Quero que digas como te sentes quando eu te acolher naquilo que tenho de pior. Diz-me se dói quando não te falo. Se dói quando não respondo às tuas intermináveis dúvidas. Diz-me se te sentes merecedor de alguma reacção minha, quando me dás vontade de acabar aquilo que já acabou há muito tempo e de estragar o que já estava mais do que estragado.
Expõe a tua dor num discurso abatido de raiva e choro.
A ti, meu sonho tornado em recente pesadelo e que a este não consigo sequer acordar... A ti, deixo-te uma herança de silêncio, pois é a mais dolorosa maneira de veres morrer o que outrora foi a tua felicidade.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

bom dia

É verão e está calor lá fora. Sabe bem andar descalça pela madeira fria, e deixar o ar fresco entrar no meu quarto..
"Bom dia".
Agora que tenho todo o tempo do mundo, o ambiente é oportuno para transpôr os meus sentimentos para um papel. Sim, tudo aponta para isso.
Mas demorei algumas horas para escrever como te deixei, injustamente para ti, legitimamente para mim.
Meu amor, como o mundo é demasiado severo depois de abrires os olhos, isolado dos outros..
Bem-vindo ao vagabundo lado daquilo a que chamamos amor.
Por isso, à medida que olho para o céu azul perfeito..despeço-me de ti.
Por favor vai, e não voltes para me ver. E se o fizeres, fá-lo durante a noite, para eu já não ter tempo de sonhar contigo.

sábado, 4 de junho de 2011

dor oculta

Custa-me ser assim frágil contigo; ser primavera branda e suave.
Talvez merecesses culpa, ou o cansaço que te matava em poucos instantes. Ou merecesses dias de chuva desgastantes dentro de ti. Merecias tudo menos a primavera que te sou.
Mas eu já não te sei ser fria...
Já não te sei ser nada que não os teus sonhos..
Não me digas adeus. Mostra-me só os teus olhos como janelas do teu sofrimento.
E mostra-me os teus arrependimentos escritos nas tuas mãos, enquanto expiras os teus sentimentos cinzentos.
Mas não me digas adeus.
Fica comigo. Hoje não me quero ir embora.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

definir-te

Vento brando, acabado de segredar-me ao ouvido ligeiras e leves recordações.
Asfixio num ar ternurento, de um breve verão que receia em chegar. Hesita enquanto o cobiço timidamente.
Dança com o meu cabelo, causa-me arrepios.
E torna as escassas lembranças em memórias vivas.
Murmuro-lhe conversas cantadas e chamo-lhe de "velho amigo".
E tento esboçar-lhe uma cara feliz, e uns olhos grandes e límpidos. E um sorriso saudável.
Tentar fazer dele uma cor. Clara e imaculada. A mais pura de todas.
Tornar-lhe pessoa. Não um humano, mas uma pessoa. Gente que vale a pena ser reconhecida.
Os meus olhos já nada vêem, só vêem um rosto distorcido na minha mente. Enquanto fecho os olhos cansados, digo "vou chamar-te verão".

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ó amor

Eu também podia falar do amor. Desse tema de que tanta gente fala e generaliza, mergulhar-me num individuo idiota enamorado. Mas não me encaixo nesse perfil.
Dizem eles que é algo mágico, mas eu não o descrevo como algo lunático. Eu fico-me por algo mais simples. O amor ingénuo, sem vastos gestos nem corações escritos na pele.
O verdadeiro encanto está na forma ridícula do amor, na maneira como o exibimos não ao mundo, mas a alguém em concreto.. Está no pensar que temos um aliado só nosso, e tornar esse pensamento num porto de abrigo, em algo que nos segura. É no amor que nos leva, secretamente, à loucura.
Essa é a única forma pura, verdadeira, sensata e prudente de amar.
Contudo, para quê falar do amor e fazer deste texto só mais um, no meio de muitos outros parecidos e usuais ?
Além disso, estou a cansar-te, consumir-te e arruinar-te, ó amor, quando te tento traçar em linhas passageiras.

terça-feira, 15 de março de 2011

opções

Todos temos opções.
Há quem queira iludir-se no amor eterno, perfeito e feliz. Há quem prefira acabar as histórias com a típica frase "E viveram felizes para sempre" para conseguirem dormir melhor à noite.
Os pessimistas, vivem afogados na amargura de que nada pode correr certo e culpam o próprio destino por serem pessoas tão desgraçadas e preferem não mudar a lógica quando as coisas boas finalmente acontecem. Escondem-se.
Suponho que estas são as opções mais fáceis, menos imprevisíveis. As que doem menos.
Mas às vezes, a dor vem por bem para quebrar a rotina daqueles optimistas. E o agradável dá uma segunda oportunidade a quem não se sente realmente feliz. É aqui que existe uma mistura dos dois, o intermédio, o mediano. O verdadeiro.
É aquele que sabe ter esperanças quando elas existem e extingui-las para que no fim a dor não seja maior.
Ser realista é ser responsável e minimamente inteligente para saber adequar expectativas à realidade.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

hoje estou assim

Suspiro. A única música de fundo é a chuva e o granizo a batalhar com os vidros.
Julgava que a felicidade dependia muito do clima, que o Sol lá em cima, era um grande condicionante da maneira como me sinto.
Parece que errei. De alguma forma, continuo a sorrir quando lá fora é bem reconhecível o Inverno que ainda permanece.
E o antídoto para discrepar a teoria do clima está comigo.
Hoje não dependo do céu. Nem muito menos de mim.
Deixo-me apenas levar pelas circunstâncias.
Suspiro só.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

let me know

Estava prestes a dizer-te que a distância continua a matar-me, embora eu sei que já me devia ter habituado a isso. Já passaram uns meses e prometi a mim mesma lidar com isto da melhor forma. Mas existe sequer uma boa forma ?
Estava prestes a dizer-te que te tento manter viva em mim, todos os dias.
Prometeste dizer-me quando o sentimento deixasse de existir e até agora não me disseste nada. Isso é bom, acho eu. Ou se calhar não.
Se calhar o teu medo de me magoares é tão grande, que depois não me conseguias olhar nos olhos.
Mas não tenhas medo, se é isso que te impede. Preparei-me para o pior, mas más noticias são sempre más noticias. Diz-me só.
Eu sei que o processo é lento, mas eu própria já me sinto a ser substituída aos bocadinhos. Dói um pouco.
Espero que sejas feliz, a sério que sim. Espero que não te escondas de mim, porque como já disse, a distância mata-me.
Diz-me só em poucas palavras.
Estava prestes a dizer que prometo que sorrio por ti. Choro só por mim, sem ninguém ver.
Mas não disse. Vou só pedir que não me esqueças ainda. Nem hoje nem nunca, se isso não é pedir muito.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

fuga

A ausência por vezes, não tem uma razão concreta.
Baseia-se em momentos de fuga e de necessidade de espaço.
O meu objectivo não era fugir, porque eu própria criei este refúgio numa tentativa de fuga, porque às vezes as palavras tornam-se cruéis ou sentimentais demais.
Precisei de espaço, daqueles com oxigénio e sem vida social. Daqueles raros, que por vezes só existem no nosso quarto ou na nossa própria cabeça.
Mas ainda não percebi o porquê desta minha fuga. Fugir de quê, se a minha vida está minimamente perfeita ? Talvez fugir dos monstros que se escondem na minha cabeça aos quais não poderemos escapar nunca..
Mas acho que já voltei, talvez um pouco mais amarga a nível sentimental, porque há coisas que não se dizem nem escrevem. E é dessas coisas que estou a sentir agora.
Não digo. Não escrevo. Apenas sinto.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Still I Rise

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise.
(...)
You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.

Maya Angelou

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

que ainda cresçam flores no inverno

Encontro-me num estado depressivo sem nenhuma razão concreta. Talvez seja o tempo instável de Janeiro que me destabiliza o humor e que descobre em mim uma parte fria e desagradável. Mas não obstante o meu temperamento, decidi não começar o meu ano com pensamentos negativos, porém, a procura exaustiva de coisas felizes deixa-me cansada...
Espero que a rotina não me moleste nem que isso seja uma causa de grandes desgraças.
Espero ter entrado com o pé direito, ou então que este meu humor inconstante se despeça de mim de uma vez por todas.
Que a felicidade seja realmente um destino, e não uma maneira de caminhar por esta coisa estranha, a que chamamos de vida.
E que ainda cresçam flores no Inverno. Margaridas.