segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

o teu jardim perfeito

Lembro-me do cheiro das flores naquele imenso lugar verde. Eram tão diversas, tão bonitas. Sempre me disseste que tinhas um enorme orgulho no teu jardim. E tenho de admitir, continuas a ter o jardim mais bonito do mundo.
O verde rodeava a casa e criava um ambiente perfeito. Adorava ir lá... Quando chovia, a beleza da paisagem engolia os defeitos da chuva e por momentos esquecia-me que ela caía constantemente.
Mas agora, por muito que o teu jardim continue intacto e verde, por muito que as flores continuem perfeitas como se fossem artificiais, esqueceste-te de cuidar de uma coisa mais importante: da tua felicidade.
Agora não dá gosto ouvir a chuva a bater no chão e na relva, nem ouvir falar do teu orgulho porque não revelas sequer entusiasmo.
Devo dizer-te que o teu jardim perdeu a alma, como tu perdeste a alegria que tinhas nele...
Devolve-me só o carácter que costumavas ter naquele passado perfeito. E talvez aí, também te possa devolver o prazer que sinto ao olhar para o teu jardim, como se tivesse dez anos outra vez.
E por favor nunca te esqueças que as tuas tuas flores não são o espelho da tua verdadeira natureza.

domingo, 5 de dezembro de 2010

marilyn monroe


"We should all start to live before we get too old.
Fear is stupid. So are regrets."

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

bem-vindo, dezembro

Sem tempo nem palavras. O frio corrói-me a alma enquanto me congela os dedos, simultâneamente.
O sono é muito e a vontade de estar em Julho é ainda maior.
O mês começa bem...
Não sei o que escrever, pois as palavras são escassas.
Não vou falar do Verão nem do Inverno. Nem da minha rotina, outra vez.
Já me perdi no meio de tanta conversa e agora volto ao inicio. Volto às mesmas dúvidas..
O que escrever quando a nossa vida não passa de um ciclo vicioso ?
Não vou pôr os meus sentimentos em palavras bonitas, por não quero nem consigo.
Não vou descrever a maneira como as folhas caem, nem como o amor das nossas vidas nos muda por dentro.
Hoje não me vou pôr com conversas da treta, porque hoje estou eu uma grande treta..
Talvez amanhã.
Por agora vou tentar dormir, boa noite.

sábado, 20 de novembro de 2010

voltar atrás


Tenho saudades de ser desconhecedora.
Hoje não sei nada, mas ainda assim sei mais do que ontem. E tenho saudades de ser desconhecedora.
De achar que as bolas de sabão eram um coisa mágica de outro mundo, e de achar que conseguia ver o mundo inteiro, se o baloiço me elevasse mais do que o normal.
Tenho saudades de não distinguir as terças das quintas. De achar que os dias eram sempre iguais.
Tenho saudades de não me preocupar com as aparências e as opiniões das pessoas. Tenho saudades de ter medo dos rapazes e de os achar monstros de cabelo curto.
Agora sei perfeitamente que as bolas de sabão são efémeras esferas feitas de sonhos e sorrisos de crianças, que num pequeno toque, são desfeitas. E que, por muito alto que suba um baloiço, o fim do mundo nunca irá ser conhecido por ninguém.
E agora também sei que as terças e quintas me sabem a amargo e que, com olhares interesseiros de outras pessoas, sou desfeita tão rapidamente como uma bola de sabão.
E ironicamente, são poucos os rapazes de cabelo curto.
Por isso, vamos voltar atrás no tempo ?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

fernando pessoa

"Amigos, ainda…

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas
jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos
que tivemos, dos tantos risos e
momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da
angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim…
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades
continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem
sabe…nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas
tolices…
Aí, os dias vão passar, meses…anos… até
este contacto se tornar
cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo….
Um dia os nossos filhos verão as nossas
fotografias e perguntarão:
“Quem são aquelas pessoas?”
Diremos…que eram nossos amigos e……
isso vai doer tanto!
“Foram meus amigos, foi com eles que vivi
tantos bons anos da minha vida!”
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente……
Quando o nosso grupo estiver incompleto…
reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar
mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para
continuar a viver a sua vida,
isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo…..
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde
amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas
adversidades sejam a causa de grandes
tempestades….
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!"

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

be stupid

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

rotina

Estou numa de não querer saber. A minha mente já não funciona tão bem como no inicio, e devido à pressão, não consigo acompanhar o ritmo que antes levava.
É cada vez mais difícil de me levantar com entusiasmo. É só mais um dia de aulas, é só a rotina que hoje tens de enfrentar.
Estou a expirar de prazo, embora seja uma jovem sem experiências de vida.
E o problema é esse. No fundo, somos todos um bando de perdidos, que se importam com o que os outros pensam, e que andam às voltas, desesperadamente, à procura de afecto e não de amor.
E eu pergunto-me porquê. Podíamos todos esquecer a rotina e a moda, e de vez em quando, pensarmos aonde nos leva sermos tão estúpidos.
E podíamos, uma vez na vida, pensarmos no que nós queremos e não no que os outros querem que nós sejamos.
Eu só quero ser feliz, e não me importa se seja uma felicidade constante. A este ponto da minha vida, o que me importa é rir todos os dias, nem que seja por segundos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

sonhos inexistentes

Como qualquer outro adolescente normal, todas as segundas-feiras acordo de mau-humor.
É supérfluo sorrirmos quando temos algo pesado para carregar às costas, cheio de "tralha".
Admito que, a nossa geração é formada por raparigas literalmente afogadas em maquilhagem e por rapazes com cabelo mais comprido do que o normal. Mas para além de esses e muitos outros defeitos, preocupa-me a inexistência de sonhos.
Por vezes pergunto-me se ainda temos essa capacidade de sonhar e lutar por aquilo que queremos, sem que os nossos progenitores nos sustentem ou nos protejam.
As ambições foram trocadas por desejos momentâneos e impulsos.
E é inacreditável que o jogar à bola, nos leve agora muito mais longe do que um curso de medicina.
Precisamos de mais motivação e menos lixo superficial.
Porque sem sonhos ou ambições, o máximo que podemos ser nunca irá ser o suficiente para nos deixar felizes ou quase-felizes.
E sem darmos conta, vivemos submersos na nossa própria ignorância e falta de vontade.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

margaridas

Para a minha margarida preferida, que embora não tenha pétalas de cor, tem o maior coração do mundo.

Estou isolada e pensativa.
O céu está cinzento e eu estou cinzenta também. Preciso de cor.
Estava a pensar pôr uma margarida no meu quarto para me sentir melhor. Mas desisti da ideia, porque não sei sustentar nada nem ninguém.
Ainda respiro enquanto posso, mas a minha alma desfalece aos bocados sempre que penso em margaridas.
Tenho saudades tuas.
Por isso, enquanto não me roubam o pensamento, o melhor é atirar esta mensagem para algum lado. E com muita esperança, espero para ver uma margarida decente, daquelas sem pétalas nem coisas foleiras. Daquelas que se sustentam sozinhas.
E talvez aí, a minha vida ganhe um pouco de cor.
Com amor, Catarina .

quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Está um frio lá fora. Aquele tipo de frio que nos gela as mãos e o nariz, e que num instante, nos faz pensar em fogo ardente e confortável. Imaginamos as nossas mãos a aproximarem-se do fogo, enquanto ele queima e aquece as pontas dos dedos.
Sim, está muito frio lá fora. E era nisso mesmo em que a rapariga pensava à medida que ia caminhando.
Deixou para trás a sua casa, o sossego que lá fazia que a convidava a sentar-se no sofá grande e fofo. Deixou para trás a sua cama ainda por fazer e o cheiro a casa habitada.
Apertou o casaco o máximo que conseguiu e respirou aquele gelo, que outrora tinha sido um clima agradável de Verão.
A nostalgia percorreu-lhe o corpo.
A rapariga deixou para trás a sua casa, a sua cama ainda por fazer e o Verão que jamais esquecera.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

70 anos

"..you may say I´m a dreamer, but I´m not the only one."

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

filosofia do bem-estar

A filosofia procura sempre mais.
Estou farta de ouvir a professora a filosofar sobre coisas banais; do simples facto de estar a chover ou mesmo de estarmos infelizes ao ouvirmos as suas palavras inacabáveis.
A filosofia não me presta, para já. Se calhar por criticar a passividade, sendo eu uma pessoa passiva.
"Haverá vida depois da morte?" pergunta ela com esperança de ouvir uma resposta correcta vinda das nossas mentes vazias e imaturas. Não sei, mas posso esperar até morrer para o descobrir.
Sou uma mente não-filósofa, mas feliz.
Para quê contestar tudo se estou bem como estou ?
Não quero saber mais do que sei, por agora.
Estou numa zona de conforto e a mudança não me dá jeito, por enquanto.
Vou aproveitar o facto da minha ignorância me deixar ser feliz e confortável.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

suspiros de felicidade


Conclusão: descobri que adoro quartas, assim como adoro uma boa música ou margaridas ♥
E hoje vou adormecer ao som do silêncio e do sossego, com um grande sorriso estúpido estampado na minha cara.
Boa noite.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

desabafo

Lá fora as nuvens abraçam o sol e afogam-no no meio de tanto nevoeiro. O vento já grita um bocado comigo, e chama-me. Ele pergunta-me porque não saio de casa.
A verdade é que, por muita curiosidade que tenha de saber de que cor está o céu, eu refugio-me dentro do meu quarto.
Olho apenas pela janela e tento reconhecer o velho verão que foi rejeitado daqui; daqui deste pequeno pedaço de terra.
Despedi-me dele há muito tempo, há alguns meses atrás quando este me tentou fugir das mãos.
Agora preparo-me para o cinzento.
Já sei que nessas ocasiões, em vez de um dia verde a desejar-me os bons dias, tenho chuva e vento a murmurarem-me qualquer coisa aos ouvidos...
Como é que passa assim tão rápido ? Tudo muda ou tenta mudar à minha volta.
Há dois meses, era tudo tão diferente. Mas eu permaneço no mesmo sítio. Não há fuga à minha volta. Continuo quem sempre fui. E a única saída que encontro, é nos sábados à noite quando vejo um filme que me leva não sei onde, mas a qualquer lugar longe daqui.

domingo, 5 de setembro de 2010

inspiração


Todos nós precisamos de inspiração. De algum incentivo para nos motivar a fazer alguma coisa com facilidade.
Eu, por exemplo, preciso dela mesmo agora. Não é fácil arranjá-la num momento tão tenebroso e imperfeito, quando sei que as férias não duram por aí além e que o dormir até à uma da tarde são instantes muito breves que se extinguem sem darmos por isso.
Hoje de manhã estava à espera de uma frase de um filme para me incentivar a escrever.
Mas mal eu sabia que a minha inspiração estava nas gargalhadas de ontem à noite ou até num vulgar domingo em que fico a encarar a televisão como se ela fosse uma amiga que conheço desde sempre.
Por isso, recordei os montes de ontens imperfeitos e assinalei-os como fontes de inspiração, o que faz destas palavras, não minhas, mas de todos os domingos comuns e dos gelados-a-meio-da-noite-porque-estou-demasiado-pensativa-para-dormir que me eram indiferentes até hoje.

domingo, 22 de agosto de 2010

a rapariga que não conseguia adormecer

Ouvia a casa a dormir. Era a única ainda acordada. Estava demasiado pensativa para conseguir adormecer...
Tive o cuidado de fazer o menos barulho possível.
Olhei para os velhos chinelos dele. Ainda me lembro de serem novinhos em folha e, em vez de um castanho acinzentado, eram simplesmente castanhos. Ele adorava-os.
O tempo passa rápido e reconheço agora que não é só uma frase feita.
Ele passa mesmo sem reparar-mos.
A minha gata tinha acordado e, em épocas passadas ela teria descido da cadeira e viria "falar" comigo e dizer-me que estava demasiado frio e que a chuva não a deixava dormir.
Mas não. Restringiu-se a fechar os olhos outra vez... O tempo também passa por ela, claramente.
E eu observo que em mim este também atravessa.
Tinha sete anos e achava-me invencível ou demasiado forte para tal coisa dominar-me.
Hoje ambiciono recuar alguns anos para me sentir assim. Para ser confiante ou então, demasiado ignorante para saber que sonhava demais...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

hitch



"Never lie, steal, cheat, or drink. But if you must lie, lie in the arms of the one you love. If you must steal, steal away from bad company. If you must cheat, cheat death. And if you must drink, drink in the moments that take your breath away. "

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Procuro-te

Tento reconhecer-te por detrás do novo penteado e das roupas modernas.
Tento imaginar-te como eras dantes, sem essa cara sombria e melancólica.
São tão poucas as palavras que deixas sair e a tua voz doce e alegre deu lugar a murmúrios grosseiros.
Procuro-te meticulosamente no meio disso tudo. Disso que não é teu.
Não te encontro.
Afinal, onde estás tu agora ?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Invasores

E finalmente tudo acaba num simples sopro. Como velas apagadas por uma criança esperançada que estas a façam um ano mais velha.
São invasores que destroem tudo que passa, por isso vejo-me contente por irem embora.
Vou deixar de acordar com a televisão do quarto ao lado a berrar sons e gargalhadas infantis.
Devíamos celebrar !




quarta-feira, 4 de agosto de 2010

my soul sister

"No matter where you are in the world, the moon is never bigger than your thumb"

O meu primeiro texto de Agosto é para ti.
Porque mereces alguma coisa com o número um.

Desejo poder acordar um dia com o cheiro do Verão a entrar pela janela, com os lençóis no fundo da cama, e contigo ao meu lado, outra vez.
Desejo que o nosso mau humor se cure com apenas um mergulho naquela piscina.
E desejo nunca mais te perder de vista. Mas se eventualmente isso acontecer, eu aprendi que independentemente onde estás, a lua nunca é maior que o teu polegar ♥

sábado, 31 de julho de 2010

breves memórias do algarve

Estou sentada na cama após um dia chato de Verão. Não fiz nada sem ser ver tv.
Os meus olhos ainda estão um bocado vidrados e pesados.
De repente, entro numa espécie de lembrança ou sonho.
Sou quinze dias mais nova. É incrível como consigo, de facto, sentir o passado tão vivo.
Desta vez estou com eles à beira da piscina. Estamo-nos a rir, mas não percebo bem porquê. As vozes não se ouvem bem, estão embaciadas e abafadas.
O meu riso quase que me sufoca e as lágrimas quase me vêm aos olhos.
Tento parar de rir. Não consigo.
Há muito tempo que não me via assim, tão alegre.
E num instante completamente louco, num instante fora de mim, mergulho. E arrependo-me.
Tinha-me esquecido do aspecto do meu cabelo quando está molhado.
Fica áspero e a sua cor malhada tornava-se num castanho vulgar.
Tinha me esquecido que o meu cabelo húmido, ficava sem graça e sem brilho.
Voltei de novo ao meu quarto. Os meus olhos estão agora mais leves.
Esta memória repentina só me pôs mais deprimida. Deu-me uma súbita vontade de estar naquela casa outra vez e de, por momentos, não sentir saudades deles.
Experimento fechar os olhos para me sentir quinze dias mais nova outra vez. Não dá.
Procuro razões para não enfraquecer ao pensar nisso. Não encontro.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Querido Julho..

Parei de fazer nada para fazer outro tipo de nada.
Estamos em Julho. Mal consigo sair de casa, porque o calor parece consistente demais para mim.
As paredes derretem e até sinto o meu próprio corpo a derreter, também.
Estou constantemente a sofrer de ansiedade. Quem diria que a falta de gelados no congelador tinha tanto poder em mim ?
Mas a ansiedade bateu à porta juntamente com a frustração.
Estou tão farta de assistir aos mesmos fenómenos.
Da minha janela, já não se vê nada de novo. Nem a fox life me consegue surpreender, só para terem uma ideia da gravidade da situação.
Preciso de uma mudança em minha casa, ou em mim.
Preciso de alguma coisa que esteja em alteração contínua.
Estou farta de aguardar pelos quinze dias lá no Sul. Rezo por eles quase todos os dias, esperando que estes me façam melhor que um comprimido qualquer.
Só peço uma transformação neste mês.
Por isso, por favor, que alguém abençoe Julho.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Estranho Caso de Benjamin Button



Benjamin Button: I was thinking how nothing lasts, and what a shame that is.
Daisy: Some things last...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

cold feeling

Hoje tive frio de noite.
Apesar do calor que me abraçava, o frio surgiu pela falta que eu sentia.
Às vezes gostava que as coisas durassem para sempre. Até eu me fartar delas...
Gostava que os velhos dias voltassem para eu saciar este sentimento perturbador. Para este frio desaparecer.
Por isso fui buscar um cobertor, pois foi a única solução que encontrei, já que este sentimento de falta não pode ser curado de maneira nenhuma.

domingo, 4 de julho de 2010

somewhere over the rainbow

"Wake up where the clouds are far behind me,
Where trouble melts like lemon drops..."

quinta-feira, 1 de julho de 2010

preciosidade de quatro patas.

Às vezes não passas de nada, outras vezes consegues ser mais do que um pequeno mundo para mim.
Agarrei-te com força, embora sei que odeies sentir-te presa a alguém.
Agarrei-te muito carinhosamente e acalmei o teu pêlo despenteado. E finalmente, a tua cauda parou, como se fosse uma ventania que amaina no fim do dia.
Encostei a tua cabeça à minha e fitei os teus olhos enormes e verdes.
Nunca me tinha apercebido da beleza deles.
Tive saudades tuas.
Sorri-te e senti-me estúpida, sabendo perfeitamente que o meu sorriso não tinha qualquer significado para ti.
"Adoro-te", disse-te.
Soou muito mais estranho dito em voz alta. Qualquer pessoa que me visse, achava-me tola.
Não passava de uma rapariga a falar para alguma coisa preta de quatro patas.
A tua cauda começava a ficar descontrolada outra vez.
Pousei-te no chão e fugiste de mim, como se fosses uma criança com medo do escuro.
Suspirei e sentei-me no sofá, à procura de outro tipo de entertenimento.
E uns meros segundos depois, vieste e apoderaste-te do meu colo, como se ele alguma vez te pertencesse.
Talvez o meu sorriso tivesse algum significado.
Contra a tua vontade, abracei-te para teres a certeza que és minha e nunca o vais deixar de ser.
Fechei os olhos.
Por mais quanto tempo te vou poder segurar nos meus braços?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

the stupid things

Encostei-me ao sofá à medida que ia ficando mais cansada.As imagens vindas da televisão deixavam de fazer sentido.
Os sons não passavam de palavras mudas e feias, como se fossem uma música rebobinada.
Enterrei bem o meu corpo naquele sofá castanho.
Sentia-me desconfortável. Mudei de posição.
Sentia-me desconfortável outra vez. E outra vez.
Cansei-me. Desisti.
Estendi-me uma última vez naquele enorme mar castanho almofadado e foquei o tecto, imaginando coisas estúpidas. Coisas de quem não tem mais nada que fazer.
Sim, sentia-me muito melhor.
Fui fechando os olhos, até ficar semi-inconsciente. Deixei de ouvir e de ver.
Limitei-me a sentir as férias.
Lembrei-me daquela vez em que estávamos só nós as duas. E eu disse-te que o teu sumo sabia a Verão.
Foi aí que descobri que o Verão tinha realmente sabor. Inexplicável.
Adormeci a pensar nesse dia. A pensar na minha descoberta.
E a perguntar-me se o Verão também tinha cheiro...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ausência

-Tive aquela sensação de desconforto ao olhar para ti. Estás vazio. Nem sequer estás aí...
-Estou...acho que estou.
Ele sentou-se para se acalmar um bocado. Pôs as mãos sobre o seu rosto, acariciando-o constantemente. Tinha deixado de sentir-se.
-Não, afinal não estou.
Começou a chorar palavras e montes de desculpas.
A ausência não é fácil.
-O que faço?- perguntou-me.
-Foge. Vai-te embora. Volta quando tiveres a certeza que voltaste para ti mesmo.
Hesitei em impedi-lo de ir. Fiquei com receio que ele nunca mais fosse o mesmo.
Ambos o sabíamos perfeitamente, que uma vez que partisse, nunca mais voltaria.

"Os ausentes fazem sempre mal em voltar." (Jules Renard)

simplicidade

O cabelo tapava-me os olhos por causa do vento. Parecia ainda mais loiro com a luz do Sol.
Já só via os meus pés meios molhados, por andarem a pisar a relva que era regada de vez em quando.
O ladrar dos cães já não me incomodava. Era como se fizessem parte de tudo. Fazia parte daquele bocadinho de Verão muito verde.
Naquele momento, não podia estar mais feliz..
Não tinha nada mais a acrescentar.
Bem-vindo de volta, Verão.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

fériaaaaaaaaaaaas

Adoro aquelas noites sem nenhum vento a brincar com o meu cabelo. Noites calmas, noites de Verão.
Já faltava aquela sensação de ter realmente tempo para fazer tudo ou nada.
Sim, todos precisamos de tempo para o nosso nada.
Faltavam-me as manhãs a quais nós chamamos de manhãs, apesar de não o serem. Sê-lo-ão sempre, nem que sejam duas da tarde. Tinha saudades desse horário.
Há muito que não via os dias desta perspectiva. Desta perspectiva de quem está mesmo de férias.
Tenho saudades de não estar preocupada em saber que dia é, e perder-me, assim sem mais nem menos, pelo Verão a dentro.
De mergulhar na água e sair dela praticamente seca, pois o calor aperta e o sol é muito ardente.
De ver um bom filme com os amigos, sem nos preocuparmos em deitar cedo e sentirmo-nos para sempre jovens.
Tenho saudades de poder desperdiçar tempo.
Às vezes implorava baixinho, por aqueles dias em que me deitava no sofá durante horas a fio.
Faltavam-me aqueles pores-do-sol que só se vêem nos filmes...
Ainda bem que esses dias voltaram.
Pensei perdê-los para sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

do outro lado do mundo

Adormeci em Nova York, afundada naquela cama, tão branca, tão branca que me fez sentir no céu. Adormeci naquele quarto imaculado, praticamente não usado com aquela janela enorme com vista para a maior riqueza do Mundo. Aquela janela era mais valiosa que um quadro daqueles pintores que ninguém sabe o nome. Aquela janela era mágica.
Adormeci em Nova York, ao som das buzinas dos táxis amarelos e das pessoas que por aquelas ruas passavam. Era música para os meus ouvidos.
Adormeci em Nova York iluminada por todas aquelas luzes que vinham do exterior e que me ofuscavam os olhos, de tanto olhar para elas.
Adormeci em Nova York, tão longe de casa, tão longe de mim própria, tão perto do Paraíso.
Adormeci em Nova York, com a melhor sensação do Mundo, com o maior sorriso alguma vez sorrido. E pedi um desejo.
Desejei sentir-me assim por mais mil anos. Não. Mil não... talvez 500 anos fosse o suficiente para guardar aquilo para sempre comigo.
Adormeci em Nova York, no meio de todas aquelas almofadas, no meio do barulho das buzinas e das pessoas. No meio do tudo e do nada, ao mesmo tempo.
E acordei num sitio completamente diferente. Onde o único barulho que se ouvia era o do silêncio que enchia o meu quarto. E a janela não era assim tão grande, nem valiosa.
Acordei tão perto de casa, tão perto de mim própria, tão longe do Paraíso.
Talvez aqueles dias sejam suficientes para guardar aquela sensação para sempre comigo...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

histórias por acabar

Não dá para explicar o que senti nestes dias.
Só vendo, só mesmo sentindo.
Só mesmo passando por onde passei.
É indescritivel, é bom demais.
Foi bom demais.
Às vezes esqueço-me que já acabou, embora outras vezes sinta que não.
Ainda guardo algumas coisas.
Guardo memórias.
É frustrante serem apenas lembranças. Não as controlo. Apenas tento mantê-las o mais vivas possíveis.
E é frustrante saber que um dia, estas deixem de existir. Morrem lentamente sem eu dar falta.
E depois fico mais vazia; é um capitulo da minha vida que apago sem querer.
Deixo de ter memorias, deixo de as sentir...
Tenho a sensação que esta história não devia ter acabado.
Fugi dela sem ter inventado um fim. Ficou incompleta.
Tenho a sensação que isto foi algo que devia ter durado mais algum tempo. Devia ter durado, pelo menos, para sempre.
Não dá mesmo para explicar o que senti nestes dias.
Foi muito bom demais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

NY

"Deixamos muitos lugares, mas há lugares que nunca nos deixam."
Vou ter sempre um bocadinho de Nova York, em mim.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

welcome back

A felicidade não me cabe na alma. Enche me as veias, fazendo com que o sangue circule mais depressa, dando-me uma sensação indescritível.
Inevitavelmente sorrio.
Digo adeus às noites frias que enchiam a casa e ao triste céu que nos cobria.
O calor volta a dançar connosco....
É tão bom estar de férias.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

the missing summer

Um dia, isto que seguramos nas mãos com toda a força, vai desvanecer.
E daqui a uns anos vou contemplar e relembrar estes Verões passados. Vou sentir tanta falta disto, o que vai deixar um vazio em mim, que só o passado cura.
Vou contar a todos como eram as nossas tardes e como era a brisa da praia.
Vou explicar-lhes que esses momentos eram simplesmente inexplicáveis.
Vou tentar mostrar-lhes o sabor da verdadeira felicidade.
Se calhar vou chorar, quando me lembrar que essa viagem ao passado não passa de uma efémera lembrança.
Sim, vou chorar.
Mas vou relembrar o cheiro da erva fresca que rodeava a casa. E eles vão aperceber-se que o Tempo, não é nada mais que um falso amigo desprovido.
E vão descobrir que o que é bom nunca dura o tempo necessário.. que é algo que se perde e escapa por entre instantes vazios.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

go away

Quero que a Primavera desapareça.
Rápido, sem deixar lembranças, pois as únicas que me deixou até agora, bem podiam desaparecer.
Quero que vá sem despedidas dramáticas.
Sem eu sequer dar conta que ela voou.
Assim é tudo tão mais fácil.
Assim é tudo tão melhor...

terça-feira, 11 de maio de 2010

another-love-song

Ela pode fugir de mim, muitas vezes...Vezes demais, até.
Ela pode esconder-se, gritar, implorar por ajuda.
Pode quase morrer, chorar lágrimas que transbordam medo ou até pode simplesmente ficar calada a um canto, à espera que tudo passe e vá embora com o vento. E esperar que a chuva lave todo este sofrimento.
E enquanto isso, eu vou esperar por ela.
Ficar a vê-la; ficar hipnotizada no seu olhar que fala por ela.
Eu vou apenas admirá-la. Como se fosse algo de muito belo e único. Mas ela é mesmo algo de muito belo e único.
Só vou ter com ela quando tiver a certeza que é isso que ela realmente precisa.
Só quando vir isso escrito na sua pele, entre todas as marcas de guerra.
Não quero ver uma lágrima. Apenas quero ver a lágrima que espera por mim; a lágrima que é única e exclusivamente minha. De mais ninguém.
Essa lágrima vem, contrastando com o seu espírito selvagem, orgulhoso, guerreiro e cheio de coragem.
Espírito esse, sem dono. Só dela e de muito poucos.
E quando essa lágrima vier...aí sim, vou-me sentir responsável por alguém. Com uma responsabilidade enorme, de abraçá-la e mantê-la nos meus braços até ela se sentir segura.
Quando essa lágrima vier, aliás...se ela se lembrar de vir, não vou fazer nada mais, nada menos senão limpar-lhe a cara e dizer que a amo.
Vou dizer "Chega de lágrimas. Eu estou aqui, irmã".
Amo-te.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

trouble sleeping

E quando acordo a meio da noite, porque o frio cobre-me e a saudade afoga-me, vêm-me à cabeça as tuas meras palavras de despedida.
São meras, porque são inúteis. Porque de bom, não me trazem nada.
Sinto-me frustrada. São sempre más noticias que me acordam para desejar as boas noites. És sempre tu que me fazes abrir os olhos de um sono profundo, de uma realidade tão diferente e distante desta.
Peço a Alguém lá de cima, peço a alguma entidade superior para nunca mais vires ter comigo. Não preciso de ti.
Peço para que as tuas memórias, que se escondem debaixo da minha cama, apenas desapareçam, desta vez sem me acordar.
Que apenas o som que me acorde, seja o da manhã muda e clara que entra pela janela, sem pedir autorização.
Que seja só o Verão a sussurrar-me ao ouvido o quanto sente a minha falta...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

simplest love, strongest love.

Este texto é exclusivamente para ti. Só para ti.
Não o posso escrever de uma maneira qualquer.
Não posso dizer-te o que sinto.
Não posso, porque se o fizer sinto-me fraca e lamexas. E hoje não estou nesses dias.
Não posso dizer que te amo, que adoro abraçar-te nem que adoro estar contigo. Por isso, finge que não o sabes.
E como este texto é só para ti e proibi-me a mim mesma de dizer-te que és o meu ídolo e das pessoas mais importantes para mim... não te vou dizer nada a não ser pedir que não me deixes.
Só te peço que não me deixes nunca. E isto é a sério.
Que naquele dia...naquele dia que receio que chegue, não me largues a mão.
Pelo menos durante um tempinho.
Quero lembrar-me dessa sensação por muito mais tempo.
Por agora é tudo, já que não posso dizer muito mais. Porque se pudesse, enchia este texto exclusivamente teu e meu, de palavras absurdas e ridículas.
Mas é assim que sou. Absurda e ridícula. E é o que me faz gostar tão estupidamente de ti.
(Amo-te).

quinta-feira, 22 de abril de 2010

good old days

Olhar em redor e ver tudo vazio. É das piores dores que posso sentir.
Olhar para aquilo que antes tinha tanta vida, tanta felicidade. Dói. Dói mesmo.
Apetece-me fugir para o ontem. Voltar para aquilo que me alimentava uma boa disposição.
Agora está tudo tão quieto... Agora não há ninguém. Só eu e esta vontade de reflectir.
Esta nostalgia percorre-me a alma. Domina-me por completo.
Sinto-me frágil, como se fosse um pássaro incapaz de voar.
Piso aquilo que costumava ser o meu tudo e que agora é o meu absolutamente nada.
Quero provar disto tudo outra vez. Voltar a preencher este vazio.
E enquanto o imagino, foco esse tal vazio.
É tão digno de algo grande. Digno de um grande final feliz.
Mas eu sou fraca, não posso dar finais felizes a ninguém, nem mesmo a mim própria. Por isso é que acabo sempre com estas nostalgias que me fazem por vezes mal. Por vezes bem.
Continuo a olhar em redor. Ouvir vozes que despertam algo de muito antigo em mim. Que despertam algo de muito bom em mim.
E olhando-me, vejo que mudei. Sou uma estranha que habita no meu corpo. Consegue ser pior do que imagino.
Quero o ontem.
Provar disto que nem sequer tem um nome; que não se explica.
Quero sentir-me em mim, outra vez.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Wondering

Está frio. E enquanto caminho e o vento seca as minhas lágrimas e o sol me abraça tão levemente... tão calorosamente, eu pergunto-me.
Pergunto-me se é assim tão difícil odiar-te pelo que és. E odiar-te pelo que não és.
Não é uma coisa que se aprende rápido, nem que diz num livro qualquer...
Odiar-te requer tempo e cuidado.
Não te quero odiar de uma forma qualquer, como se fosses apenas alguém que tem um nome.
Quero odiar-te como se odeia alguém que embora tenha nome, ninguém o saiba definir.
Não sei mesmo.
Nem sequer sei qual é o melhor adjectivo para te descrever. Monstro, anormal... não faço ideia.
E pergunto-me porque é que é tão fácil adorar-te. Com todos os defeitos que vejo em ti, continuo a ver-te como algo positivo.
Se calhar adoro os teus defeitos.
Se calhar o amor é algo tão ruim, que nem mesmo uma alma inteligente o sabe descrever...
Cansas-me. Odeio adorar-te.
És como a matemática que eu não suporto. E consegues ser como o Verão, que eu tanto desejo...
Ainda está frio. E enquanto caminho e as nuvens cobrem o céu e a minha cara, que agora seca, é lavada novamente com lágrimas, pergunto-me.
Pergunto-me se vales a pena. Se não passas de um desperdício de tempo e de algo que me vai saturando e agoniando a alma à medida que este passa.
Pergunto-me se isto alguma vez vai acabar.

sábado, 3 de abril de 2010

Yesterday´s Feelings

Acordo com sentimentos espalhados por mim. Sentimentos de ontem que ainda hoje permanecem. Sentimentos que deviam ter sido rasgados e queimados numa fogueira para nunca mais os encontrar.
Ainda sinto alguns na minha pele. Arrepio-me à medida que eles dançam à minha volta como se eu fosse uma nova aquisição.
Agarram-se e envolvem-se em mim de tal modo, sugando tudo aquilo que me torna humana, fazendo-me ficar tão pálida, tão desconhecida e fazendo-me adormecer tão rapidamente.
Controlam-me por completo, e deixam o meu corpo a bailar por algures como se fosse uma marioneta...
E enquanto estou perdida entre o ontem e o hoje, tento encontrar esperança para vencer estes meus inimigos que se apoderam de mim.
Mas já sei que eles vão embora silenciosamente e nem sequer se despedem de mim. Vão assim tão rapidamente, da mesma maneira que apareceram.
Admiro-os por causa disso. São demasiado fortes para se afeiçoarem a alguém. É disso mesmo que preciso. Por isso, não me queixo enquanto eles habitam em mim. Sei que lá no fundo estão aqui porque eu o quis.
E já sei que vou ter saudades deles. Assim como sinto falta do Verão, todos os dias...
Por isso, continuo perdida no meio deles. Sem saber se os adore ou se os odeie.
Aproveito cada sentimento e suspiro uma ultima vez, fechando os olhos e adormecendo nessa dúvida.
Mais tarde ou mais cedo eles vão-se embora.

Oh... Those Yesterday´s Feelings.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

o melhor filme.


"Para que conste: Nunca é tarde demais ou no meu caso, cedo demais, para seres o que quiseres ser. Não há tempo limite. Podes parar quando quiseres. Podes mudar ou ficar na mesma. Não há regras para isso.
Podemos aproveitar o melhor ou o pior da vida. Espero que aproveites o melhor possível. E espero que vejas coisas que te espantem. Espero que sintas coisas que nunca sentiste antes. Espero que conheças pessoas com pontos de vista diferentes.
E espero que vivas uma vida da qual estejas orgulhosa. E se não estiveres...espero que tenhas a força para começar tudo de novo."

The curious case of Benjamin Button

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cor indefinida.

"Estarei aqui à tua espera", disse ele.
Fechei os olhos enquanto ia embora. Já sabia aquele caminho de cor. Respirei fundo ou pelo menos tentei. Aquele ar era demasiado pesado para mim.
Deixei de acreditar nele e nas suas palavras que antes tinham um grande efeito em mim. Deixavam-me calma... Mas agora, não passavam de mentiras encaixadas umas nas outras.
Nós voltamos sempre de alguma maneira. Quer mortos, quer vivos... nós voltamos sempre de alguma maneira.
E hoje não ia ser diferente. Eu voltava e ele recebia-me de braços abertos, com um grande sorriso falso estampado na cara...
Era verdade, ele esperava sempre por mim. Mas não porque me queria voltar a ver. Apenas porque simplesmente não tinha para onde ir, nem com quem ficar. Por isso, esperava-me.
E este reencontro tornou-se monótono e deixou de ter valor para mim. Sempre a mesma cara, sempre as mesmas cores...
Agora, já não o procuro. Tento fugir daqueles braços que me agarram com muita força por terem medo da solidão. Tento encontrar mais para além daquelas mesmas cores. Tão fáceis, tão vazias .Tento esquecer aquela cara e aquele sorriso desesperado por alguém.
Agora fujo à procura do não igual.
Fujo à procura de uma cor indefinida.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Um pouco de música.

Essa canção que me costumavas cantar, fazia-me rir.
Não me cansava de ouvir-te, mesmo quando te esquecias da letra e começavas a improvisar.
Aliás, até preferia assim.
Uma canção só tua. Que apenas eu ouvia.
Eu gostava. Era diferente todos os dias, é por isso que me fazia rir.
Ainda dou por mim a relembrá-la e a cantá-la. Não consigo evitar.
Agora tu já não ma cantas. Tenho de ser eu a fazê-lo.
Tenho de ser eu a tentar improvisá-la, quando não sei a letra.
Admito...tenho saudades da tua.
A minha já não se pode chamar canção. Agora são só palavras meias cantadas.
Palavras meias esquecidas, que quando são pronunciadas damos-lhe o nome de canção, embora não o seja.
Só te peço que ma cantes uma última vez.
Só para me poder rir contigo durante uns minutos. Minutos meus e teus. De mais ninguém.
E para evitar que a esqueça, pelo menos durante uns anos.
Quem sabe, muitos e longos anos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Endless

Para ela e para os seus quarenta e oito por cento de tempo.

O Para sempre não existe.
Não existe em mim, nem em ti.
O Para sempre é só mais uma forma de dizer durante muito tempo em palavras mais bonitas.
São só dez letras a representarem o infinito.
Eu não me acredito nelas...
Não acredito em nenhuma eternidade; não acredito em nenhum Para sempre.
O Para sempre é outro tipo de ponto final.
Mas posso-te prometer que te amo hoje e amanhã. E que, muito provavelmente, te vou amar durante muito mais tempo e que vamos ser felizes assim.
Mas podemos sempre esperar pelo nosso Para sempre.
Vamos esperá-lo até acabar...
E até aí, essas duas palavras perdem o efeito e deixam de representar o infinito. Passam a representar algo grande que teve um final feliz.
Amo-te.

quinta-feira, 11 de março de 2010

E Agora?

Habituei-me à musica que costumas ouvir e às palavras que costumas usar.
Habituei-me aos teus melhores e piores hábitos.
Habituei-me a ti de uma maneira que me impede de voltar a ser eu mesma.
E agora? E agora que foste embora e levaste tudo contigo?
Levaste a música que deixou de ser tua e que passou a ser nossa. E que agora, essas palavras cantadas foram deitadas fora e não sabem bem para onde ir. Apenas vagueiam à minha volta, a pedirem-me constantemente para voltarem a ter dono.
Mas elas não são minhas. Nem tuas. Elas agora não são de ninguém...
E agora, que as palavras que usavas passaram a ser palavras proibidas? Já não as digo e já não as ouço. Desapareceram do dicionário.
Quero que me respondas...e agora?
O que é que vou passar a ouvir?
Esta pergunta que dá comigo em doida, faz-me sofrer num silêncio. Profundo e talvez eterno.
Não me ensinaste a viver num mundo assim, em que as únicas palavras utilizadas não têm qualquer tipo de melodia.
Por isso diz-me... E agora?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Sad Spring

Estava com frio naquele dia de Primavera. Era estranho, mas eu tinha boas razões para isso.
Passei a correr por flores. Brancas, bonitas.
Sorri, e continuei a correr, deixando também para trás aquele sorriso temporário.
Parei nos semáforos. Estava vermelho para os peões, e a tristeza ocupava grande parte de mim enquanto eu estava imóvel, a olhar para o nada.

Corri de volta às flores. Sorri para elas uma última vez e calquei-as. Já não me sentia sozinha.
As flores agora destruídas, sentiam-se exactamente como eu.
Voltei para os semáforos, não tão bem como pensava estar. A tristeza ainda fazia parte de mim.
Não podia desperdiçar aquele dia de Primavera, que tanto pedi para ter.
Simplesmente, ele não me podia fugir das mãos como fugiu uma vez, dando lugar à chuva...
E eu não queria voltar a vê-la cair.
A meio do caminho, lembrei-me que simplesmente não tinha destino de chegada.
Se não sabia para onde ir..como é que sabia que ainda não tinha chegado?
Se calhar, aquela era a minha meta. Se calhar estava destinada a sentar-me ali, no meio do chão, sozinha..
Por isso sentei-me, ainda carregada de tristeza. Não podia fazer nada quanto àquele dia de Primavera, que me ia escapando entre os dedos.
Limitei-me a vê-lo ir embora, enquanto me dava esperanças de que um dia iria voltar...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Useless.

Estou a dar um tempo a mim mesma. O meu cérebro parou de funcionar, fazendo-me ficar ainda mais vazia do que já me sinto. Desliguei-me do Mundo.
Preciso das ideias que não tenho e do tempo que nunca tive.
Agora, preciso de tudo.

A luz que me atingia os olhos era muito forte. Fechei a janela, na tentativa de afastá-la do meu olhar, mas ela era poderosa demais. Os meus olhos continuavam na posse daquele intenso brilho.. Descontente, abandonei o meu lugar e procurei outro sítio melhor. Mas todas aquelas tentativas falhadas queriam dizer alguma coisa. Apercebi-me que não era a luz que estava ali a mais... E vi-a como algo útil.
Ela estava apenas a tentar iluminar algo que perdera o brilho há muito tempo...
Mil pensamentos invadiram-me.
"Porque não abandonar tudo?"
Já não precisava de ideias, nem de tempo...

Agora, já não preciso de nada.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A última dança

Tinha chegado a casa depois da quimioterapia. Sentia-se fraca, cansada e farta de se olhar ao espelho e ver um aspecto pouco feminino. Careca. Sentia-se desmotivada para qualquer tipo de coisa.
Deitou-se na cama, com o gato preto ao seu colo, aquecendo-lhe as pernas e provocando-lhe um conforto que mais ninguém lhe sabia dar. Estava quase a adormecer.
Mas o tic-tac do relógio foi engolido pela música calma que de repente tocou.
Ambos se assustaram; ela não estava à espera daquilo. Levantou-se rapidamente, enquanto o receio se apoderava dela, fazendo com que o gato fugisse para outra divisão.
A sua sala tinha-se transformado numa pista de dança. Com luzes e muitos balões. Fez lhe lembrar do liceu. Nesse momento, sentiu-se nostálgica.
Um homem misterioso, apareceu do meio das luzes. Chamou-a.
Ela não conseguia ver o seu rosto ao longe.
Hesitou. Mas a curiosidade foi mais forte que ela.
Aproximou-se dele e os dois começaram a dançar. A música tocava e ela, sentia-se estranhamente bem.
Foram dez minutos de sorrisos e de trocas de olhar. Aquele ambiente fazia-lhe bem ao espirito. Há muito tempo que ela não se sentia assim.
Encostou-se ao ombro dele, ainda a dançar.
E ele finalmente soltou algumas palavras:
-No meio disto tudo, nem te perguntei o nome.
-Sou a Susana... e tu?- respondeu. Sentiu-se nova outra vez, como se fosse o seu primeiro encontro. Ela estava curiosa para saber o nome do homem com quem partilhou aquele momento tão especial que há muito não tinha.
-Olá Susana. Eu sou a Morte.
***
Eu gosto de pensar que a morte é assim. Dá-me jeito.
Assim, posso ficar descansada e pensar que, todos os que amei , tiveram um momento tão especial como este.
Tiveram a sua última dança.
É algo que me descansa.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Longe daqui.

Vou só fechar os olhos durante uns minutos.
Só me quero lembrar daqueles tempos. Vou pôr a minha memória em prática e ver até onde consigo chegar.
Se me lembro de cada pormenor. De cada palavra. Se me lembro do sabor da felicidade.
Estes minutos vão resumir o que passamos. Passo a passo.
De olhos fechados vê se com mais clareza. Vê se coisas que nunca aconteceram e que estão prestes a acontecer.
Sabe bem.
E imagino o que quiser. Eu própria construo o cenário e ponho a música de fundo. O meu Mundo de olhos fechados é melhor.
Dá-me só mais uns minutos, por favor. Não te preocupes. Não fico presa ao passado, porque mesmo que quisesse não conseguia. Vamos ser só eu e tu sentadas neste alpendre. A única diferença é que a minha alma não se encontra aqui. Vai se ausentar durante estes minutos.
Eu volto já.
E se perguntarem por mim...diz lhes que voei. Voei para bem longe daqui.

A viagem.


"If I just lay here...
Would you lie with me and just forget the world?"

(chasing cars, snow patrol)


Ao som da música, estava extremamente pensativa. A viagem era longa por isso fiquei a pensar na minha outra viagem.
A viagem que fiz com elas ao longo deste tempo, que passa cada vez mais rápido e me deixa com um formigueiro por todo o meu corpo sempre que penso nisso. Essa viagem, que tem de tudo e me faz querer ainda mais. Uma viagem que não é física, mas sim psicologicamente eterna.
Ainda há muito para fazer... e este tempo que é tão pouco, faz-nos remar contra a corrente.
Quero inventar tempo.
Quero dizer-lhes o quanto as amo, mas não consigo dizê-lo da melhor maneira.
Quero ficar para sempre assim. Assim, com esta sensação de ter sempre alguém ao meu lado e de mesmo assim, ter saudades. As saudades que não matam; que são inofensivas.
Eu quero tanto !

É como comer o melhor chocolate do Mundo e não o querer partilhar com o nosso irmão, porque é mesmo bom e o queremos poupar...
Por esta lógica, eu vou no fim do chocolate. Mas como qualquer outra pessoa normal, vou saborear o último pedaço, como se nunca o tivesse provado antes.

Será no fim que tudo se recompõe? Que nos apercebemos que já é tarde demais e que queremos voltar atrás ?
É que se assim for, ainda vamos a tempo.
A tempo de mudarmos tudo o que quisermos.

Só que eu não peço para mudar. Eu só quero ficar onde estou e sentir-me para sempre assim. Mesmo feliz.




sábado, 30 de janeiro de 2010

Goodbye.

Ontem amei-te, hoje já não te amo.
É simples, não é ?

O teu turno acabou. Apaga as luzes e arruma as tuas coisas.
Esta é a parte em que vais embora, e eu fico a ver.
Fico a ver os teus passos lentos, ainda com alguma esperança. Tu não queres ir, mas mesmo assim não olhas para trás. Não olhas para mim nem uma última vez.
Custa um bocado, mas é assim que tens de fazer. Foi assim que eu te pedi.
O teu turno acabou. E não te preocupes, que eu não te esqueço.
Não te esqueço nem por um segundo.

Para a minha irmã


Para a minha irmã, que apesar das nossas enormes diferenças, nada até agora nos fez sentir tão iguais...


-Senta-te aqui ao meu lado. Neste banco de jardim (...) Agora já não me sinto sozinha. Já não tenho medo aqui ao teu lado, irmã.

Enquanto o Outono caia e o vento dançava à nossa volta, o silêncio era uma música de fundo.
Era bom, mesmo bom.

-Não fujas de mim. Não partas nunca da minha beira. Vamos ficar aqui o tempo que for preciso...

O sorriso dela mudava completamente tudo. O vento parou dando lugar a um sol, que embora fosse pouco, era quente o suficiente para nos aquecer.

-Se fores embora, diz me. Mas não demores ao fazê-lo, porque essa é a parte mais difícil. Sê directa e não chores, por favor. Odeio despedidas. E se isso acontecer...quero que saibas que és a melhor irmã do mundo.
Ela abraçou me durante muito tempo. O tempo suficiente para eu me aperceber de nunca a iria perder.
E ela respondeu-me. Ao ouvido disse-me: "Eu amo-te, irmã. Hoje e sempre."

E fiquei sentada naquele banco de jardim, feliz, pois sabia que nada no Mundo era mais certo do que aquelas palavras. E que jamais iria encontrar uma amizade assim...Uma irmã assim.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Saudade.

No fim, tu não me deste nada... apenas saudade.
Metade de mim ficou destroçada. A outra metade já ma tinhas roubado.
E essa parte que levaste, bem guardada no teu coração, está bem recheada de sentimentos.
Não toques na ferida outra vez. Nem sequer tentes tocar nesse bocado de mim, que agora frágil, ainda te ama dolorosamente.
Sabes...esperava muito de ti. Sempre foste o meu porto de abrigo, parte de mim que nunca pensei perder.
Já devia saber que nada é como nos filmes. Mas tu cegaste-me... Fiquei incapaz de ver a verdade. Que este destino, na verdade, se chama PURO ACASO.
Admite que vais ter saudades minhas; que não fui só mais uma... Admite que me amaste! Só preciso disso.
Diz-me que um dia, me vais devolver essa minha metade cravada em ti. E quando ma devolveres, manda-me juntamente um cartão com os teus sinceros pedidos de desculpa e uma flor. Uma flor qualquer, só para ter o prazer de a desfazer. De desfazer algo teu. Acho que não estou a pedir demais, pois não ?
Porque não me sorriste, nem agradeceste.
Por tudo o que fiz por ti, apenas me deixaste um vazio. Um vazio que nem um bom filme cura. Nem um bom livro; nem chocolate. Um vazio que dói mesmo muito e me deixa um sabor picante na boca e um nó na garganta que me impedem de chorar, pois nem sequer tenho forças para isso.
Consumiste-me demais.
No fim tu não me deste rigorosamente nada...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Domingo.




Hoje é Domingo. E eu odeio Domingos. Domingo significa que amanhã é segunda-feira e eu não me dou bem com segundas-feiras de manhã. É Domingo e está a chover.
Hoje preciso de um abraço. Os Domingos fazem me sentir carente. Preciso de carinho e de beijos. Preciso de todo o tipo de afectos. Quero-me agarrar a algo. Mas nao posso. É domingo e estou sozinha. Preciso de contar algo a alguém, conversar.
Preciso de me rir. Bem alto.
Preciso de ouvir histórias.
Preciso de passear. Mas é Domingo e está a chover.
Hoje não preciso de nada, preciso de tudo. Preciso de dar a mão a alguém.
E preciso de silêncio. Porque o silêncio grita-me a verdade. E eu quero a verdade. Preciso dela.
Preciso de um ombro amigo. Mas é Domingo. E os Domingos tiram-me tudo.
E quero voar sem razão aparente. Porque preciso disso. Preciso de me sentir bem.
Preciso de alguém bem maior que eu. Preciso de chocolate ou simplesmente de dizer um olá. Não sei. Preciso de algo que me preencha. Acho que preciso de ti. Mas é Domingo. Não tenho nada. Apenas a minha vontade de te ter comigo outra vez.
É Domingo e eu vejo pela primeira vez alguma esperança na Segunda-feira.
Será um dia melhor (?)